segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Shadows of My Past


                     Suavemente, os meus olhos se abrem… A dor que interiormente o meu peito invade, revela-me a mais crua e ao mesmo tempo mais doce e ansiada das verdades, o estar vivo para mais um dia… Até quando? Não sei, prefiro estas trevas àquelas que desconheço, tão exprimidas por alguém que cruzou o meu olhar. Oh sim… Quem dera ter calado as palavras da tua boca naquele gelado dia de inverno, ou talvez as minhas?... Quem dera não acreditar em ti, ter fugido… Não ter confiado, não ter entendido…
                Foi há tanto tempo… Olho para o passado e vejo que dois anos passaram, hoje, sim, estou bem... Amo quem me ama, e sei bem quem amo. É por ela que aqui continuo… É por ela que tento acender nestes dias cinzentos, a vela que o vento teima em apagar, cada vez que a chama atinge o seu auge. Por ela luto, por ela me agarro á vida, mesmo quando o meu próprio eu da vida tenta fugir… Quanto a ti, resta a tristeza, resta a incompreensão de tudo o que um dia foi. Será que foi? Será que ele existiu pra ti como para mim? Não to sei dizer… Simplesmente não sei...
                Lentamente dás-me respostas que os meus ouvidos não querem ouvir, fazes-me ver coisas que os meus olhos não querem ver… Afinal… Quem és tu? Sim.. Quem?... A verdade? A mentira? Ou simplesmente… Alguém… Há muito que desisti de o entender, há muito que larguei no passado, respostas a que cheguei… Respostas com sentido, às quais o mundo chamaria de loucas e as quais nunca te direi… Pergunta-me... Pergunta-me se acredito… Enfrenta-me… E eu lentamente, e com um sorriso no rosto, dir-te-ei que não…
                Ainda assim, a raiva que sinto em mim, por tudo aquilo em que me tornei, não apaga a perfeita ilusão de um passado distante, não esconde entre as marcas da tristeza, que o tempo teima em não apagar, a saudade de tão estupidamente ser iludido por tudo o que me dizias ser, nem as lágrimas causadas por cada palavra distorcida que me falaste… Hoje simplesmente já não as sinto correr pelo meu rosto... Já não invoco o teu nome arrependido, enquanto decoro de vermelho o pálido luar de uma noite de lua cheia… Não… Por hoje não… Não me tentes mostrar que estou errado, simplesmente não tentes… Não tentes tirar-me agora os poucos que tenho, porque tu os abandonaste, não tentes fazer-me ser feliz á tua maneira, não…
                Mostraste-me a luz e as trevas em pleno dia, a verdade e a mentira… Subitamente falas a palavra certa da pessoa errada, confundes-te a ti confundindo-me a mim… No fundo não sei bem quem és… O bem ou o mal…? A tristeza do presente… O temor do futuro, ou simples e friamente… Uma sombra do meu passado…