sábado, 23 de agosto de 2014

Somewhere



     Sento aqui, neste lugar recatado, onde o insenso do chão flui em suaves ondas que me cercam. A chávena vazia que ao meu lado tenho, e que me pede por mais uma gota desse veneno que me mata... Oh, dura e cruel saudade... Sede de te ter junto a mim!!! Rio que já não corres e vento que já não sopras, voltai... Coloca sobre mim de novo o negro manto que me cobria, e me protegia do frio que me afrontava...
                Hoje, aqui me encontro, impálido e sereno, eu escrevo... Coloco sobre o papel que o incenso queima, o sangue de cada ferida que do meu peito sai. Retrato-me a mim e a ti, retrato a magia que nos envolve nos dias cinzentos, e nos dias que sobre mim, a tua luz brilha...  Oh... A megia desse olhar, esse olhar que para junto de ti me levou... Relembro o rio que corre, na cidade onde pela primeira vez os meus olhos penetraram nos teus. O primeiro abraço, o primeiro beijo, a primeira noite, o nosso cantinho... Lembranças á toa que na minha memória surgem, dessas noites que o primeiro raio de sol não levaram da lembrança. Lembro-me de ti e a inocencia que te invadia, tão perfeitamente fundida com o meu medo e a minha paixão... Oh, Cidade... Sobras do meu castelo que de mim fugiram, levando-me para essas terras que a rainha amou... Voltai... Trazei-me de novo o meu amor, cobri os meus ombros novamente com o negro manto que me aquecia nas noites geladas... Dai-me a despreocupação e a mansidão de outros tempos, em que eras tu para mim o maior desafio... Voltai... Voltai para nós... Voltai...