sábado, 24 de março de 2012

Olhares


  Por um momento… olho para ti, olho e sinto… Sinto-te a ti, sinto-me a mim… Sinto a esperança, o carinho, o amor que supera a tristeza. Um sem-fim de projectos, de promessas de amor, de mágoas e saudades, mas sobre tudo de dádiva. Dádiva desse amor que me dás a cada dia, desse amor que me dás como ninguém outrora mo deu, como nunca outrora eu o quisera receber. Olho para ti e vejo-me, vejo-me a mim, um simples errante sem destino, perdido na profundeza do teu olhar, envolvido pelas lindas ondas do teu cabelo, acarinhado pelos teus braços suaves mas capazes de me levantar mesmo na noite mais sombria.

És tu, sim… apenas tu, que faz o meu coração bater mais forte, no momento em que o meu olhar se cruza com o mais perfeito que os meus olhos alguma vez viram… É por esse olhar que vivo meu amor, é a ele que busco no final de mais um dia, de mais uma batalha, procurando incessantemente confortar a minha alma, enchendo-a dessa melodia que tão docemente irradias do teu ser…

Suspiro


  Na noite caída, um suspiro surge. Suspiro lançado por tudo o que o passado levou, e tudo o que o futuro trará… Suspiro pelo bem, suspiro pelo mal. Suspiro pela verdade que os teus olhos irradiam em meu peito, e pelas marcas nele cravadas pela mentira que um outro alguém exprimiu.  Hoje, apenas não me importo… Sim! Hoje não… não quero mais… Não quero… Quero-te a ti! E apenas a ti meu amor! Fujo do passado como não fujo da própria morte, para a qual corri outrora e para a qual temo vir a correr um dia.

Pela beleza do teu olhar, troco a escuridão da noite, que outrora preencheu o meu peito mentindo ao meu ouvido promessas de uma felicidade ofuscada pelas trevas… E esse veneno que tão desesperadamente busquei nessas noites sombrias, já não apazigua a dor que no meu peito arde a mais um amanhecer…

  Em ti, resta a esperança, o carinho, o amor e o conforto. Por ti luto, por ti vivo. Por ti levantarei a minha espada a cada batalha travada, e por ti a baixarei para cair novamente em teus braços, derramando mais uma lágrima há tanto sufocada pela dor, e liberta pela alegria do teu sorriso que tão suavemente invade o meu ser…

Levanta-te


  Ei… Tu aí, preso nesse escuro e fundo poço onde cais-te… Levanta-te, levanta-te e caminha em frente a mim para que eu te possa observar. Levanta-te e mergulha, mergulha na imensidade da escuridão onde já te encontravas, ou quem sabe… Enfrenta-a?! Não sei, a lua nova lá alto nos céus, certamente iluminará o teu caminho, sim, eu sei que sim… Oh… ela brilha tanto mais que as poucas estrelas que iluminaram o meu céu, guiam-te tão melhor que a mim… Então, levanta-te! Levanta-te e mergulha, não por que é o certo, embora na verdade o seja, mas porque eu também o fiz… Será? Liberta a corrente do medo á qual outro alguém te prendeu, esquece a espada da mentira que trespassou o teu peito,  e desce… Desce e encara o mundo real do qual eu fujo a cada dia, e levanta-te. Levanta-te bem em frente a mim para que eu te veja. Para que te veja cair e levantar novamente a cada amanhecer, enquanto a luz dos primeiros raios de sol ofuscam tão paradoxalmente a verdadeira luz do meu dia… Mas levanta-te…
  Diz-me… Porque choras? Porque gritas? Sim, explica-me o porquê. Não era suposto uma simples palavra bastar? Porque não te lembras da mão que te estendi? Porque choras!? Não chores, mas sim levanta-te. Levanta-te apesar das feridas, que vejo ao olhar pra ti e que tão pateticamente tentas esconder. Levanta-te… Levanta-te para que um dia veja novamente o pálido céu de uma noite fria de inverno, ser manchado por uma gota do teu sangue, tão igual e tão diferente do meu. Mas porque me anima, porque isso me alivia, levanta-te… Levanta-te, e baixa suavemente o teu rosto coberto em lágrimas. Então aí, observa-me, e descobre a verdade da mentira, a ilusão das palavras frias e ofegantes, sobre tudo aquilo que nem tu nem eu ainda conseguimos fazer… Mas apesar disso, levanta-te…